O Governo decidiu incentivar o uso de um combustível fóssil poluente. Para isso, temos que dar dinheiro de nosso orçamento para as empresas que importam diesel, como a Shell, por exemplo.
Sim, nós importamos diesel. O óleo extraído do pré-sal tem uma qualidade superior, é mais leve. Mas nosso refino estava adaptado para o óleo pesado que produzíamos do pós-sal, de qualidade inferior. Construímos cara infraestrutura para levar o petróleo e o gás dos campos de pré-sal para nossas refinarias. Mas Comperj e Abreu e Lima não ficaram prontas, envolvidas que estavam em um bilionário esquema de propinas para grandes empresas e partidos políticos.
Nosso óleo de boa qualidade tem valor no mercado externo. Sem capacidade de processamento, passamos a exportar mais petróleo e importar mais diesel e gasolina.
A política de redução de preços do Governo Dilma fez nossa produção de etanol cair a partir de 2011. O incentivo ao combustível fóssil produz, inevitavelmente, desincentivo ao uso de energias alternativas. Com a recuperação dos preços da gasolina e do diesel no mercado interno, a produção de etanol aumentou em 30% (a queda havia sido superior a 50%). Até por isso, somos superavitários na balança de combustíveis fósseis no comércio exterior.
Vamos nos lembrar de que tirar carbono no solo para soltá-lo na atmosfera é causa de aumento da poluição e das doenças a ela associadas. Há impacto no ambiente e na produção de alimentos. A Europa adota política de taxar esses combustíveis, e o diesel em particular, para incentivar energias alternativas como a energia eólica e a solar. Incentivar caminhões significa manter a inviabilidade da malha ferroviária. Retrocedemos.
Vou logo sugerir novos “incentivos” para que outros trabalhadores também tenham “vitórias” como essa: redução do preço do tributo sobre os plásticos; fim da proibição do desmatamento da Amazônia, para que os trabalhadores possam derrubar suas árvores e terem também suas vitórias; autorização para caça à ararinha azul, para que a Portela e seus trabalhadores possam ostentar suas tradicionais cores azul e branco. O que importa é que vencemos. Resta pagar a conta.
Gustavo Theodoro