Direita e Esquerda

Os conceitos de esquerda e direita na política seguem fortes em todo o mundo ocidental, mesmo quando tanto da tradição do pensamento político foi deixada em segundo plano.

O mundo viveu milênios sem se ressentir da falta dos conceitos de esquerda e de direita até a Revolução Francesa. Diversos regimes com alguma representação popular existiram antes de 1789 sem que fosse necessário recorrer a classificações como essas.

Foi em decorrência da Revolução Francesa que termos como esquerda e direita começaram a entrar na moda. De acordo com o registro histórico, na Assembleia Constituinte de 1791 a aristocracia e os representantes da nobreza ocupavam a direita de quem entrava no recinto das reuniões enquanto os defensores da democracia ocupavam o lado esquerdo.

Marx deu nova roupagem a estes conceitos ao construir uma teoria econômica alternativa ao capitalismo (o próprio uso do termo capitalismo em oposição a algum outro sistema é obra de Marx). Além dessa nova análise econômica, Marx previu que o capitalismo não se sustentaria, sendo ele substituído por um sistema em que cada trabalhador tivesse como remuneração sua justa parcela sobre o valor de venda do produto.

Posteriormente, influenciado pela literatura revolucionária de sua era, Marx tornou-se partidário da revolução, pois elas seriam a locomotiva da história, o que revela muito de seu pensamento.

A revolução criaria uma ditadura do proletariado – que duraria curto espaço de tempo -, sendo posteriormente substituída pelo socialismo. Neste novo sistema, a propriedade dos meios de produção – e apenas deles – não seria privada.

De forma bem resumida, foi este caldo de cultura que resultou no regime comunista russo e, após a segunda guerra, no bloco comunista.

No século XX, a esquerda era bem representada pelos defensores do socialismo e do comunismo. Na direita, encontravam-se os conservadores liberais (no sentido inglês da palavra, representando um capitalismo em defesa da livre iniciativa e da propriedade privada). Os socialdemocratas nunca tiveram vida fácil, pois de certa forma se situavam à esquerda dos liberais, mas eram odiados pelos socialistas por defenderem o capitalismo.

A divisão entre esquerda e direita, até a queda do muro de Berlim, era nítida. Depois disso os termos continuaram sendo usados, mas quase já não há socialistas de fato no mundo. E isto tem um motivo óbvio: foi o anseio dos povos sob a cortina de ferro por riqueza semelhante ao do bloco ocidental que derrubou os regimes comunistas. O Papa João Paulo II foi importante peça nesse tabuleiro, assim como a Guerra nas Estrelas de Reagan e assim como a tíbia liderança de Gorbachev. Mas o fato é que, como disse Bertold Brecht, o comunismo não é a justa distribuição da riqueza, mas da pobreza.

Diante da queda do muro, que levou Francis Fukuyama a decretar o fim da história – e, consequentemente, do fim da política, pela impossibilidade de produzir algo novo, que é o objetivo da política e da ação humana – os conceitos de esquerda e de direita tiveram que ser redefinidos. Continuo deste ponto no próximo post.

Gustavo Theodoro

3 comentários

  1. Muito bom esse tema, importante debatermos essa questão tão comum nos dias atuais. Parabéns, Gustavo, pela disposição em publicar este Blog.

  2. Teo, obrigado pelo apoio. Sigo pelo Blog do AFR nos debates envolvendo tributação. ICMS e contencioso. Aqui reservo-me a essas discussões que são por tantas vezes tratadas superficialmente por todos nós.

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