Liberalismo, Intervencionismo e Economia Planejada

                Conforme tratei em posts anteriores, as classificações herdadas da tradição são pouco claras (esquerda e direita, liberal e conservador, revolucionário e reformista). A necessidade de pertencimento a um grupo social ou a um grupo de pensamento, aliada a um discurso segregacionista por parte da intelectualidade e da classe política, criou este simulacro de guerra, da qual testemunhamos seu aspecto mais evidente, que são as discussões política acerca de diversos temas de relevância duvidosa.

                Ainda tratarei das consequências do foco em temas secundários da política, mas hoje quero seguir a trilha herdade pelos nossos antepassados e introduzir o tema acerca das razões pelas quais o tamanho do Estado e a intervenção na economia têm papel de destaque no debate político atual, tanto nos países centrais como aqui na periferia.

                Como se sabe, o século XX foi testemunha de um grande embate entre os ideólogos do marxismo e do liberalismo. O liberais (no sentido Inglês do termo, isto é, os que defendem uma economia de mercado livre das amarras do estado) criticavam aqueles que defendiam que a economia poderia ser planejada e defendiam que era a liberdade econômica que criava riqueza, sendo que o planejamento da economia impedia o pleno desenvolvimento da criatividade humana, da identificação das virtudes do trabalho e inibia o mérito, na medida em que o benefícios obtidos pelo criativo e pelo inovador eram divididos por toda a sociedade.

                Já os defensores da economia planejada, do socialismo, criticavam em especial o grau de desigualdade econômica proporcionada pelo liberalismo, na medida em que criava uma sociedade de vencedores e perdedores. Além disso, os socialistas se apoiavam em vasta literatura humanista e cristã (ainda que os comunista fossem contra as religiões em geral), que induzia a compreensão de que a introdução de um regime que reduzisse à força a desigualdade poderia produzir uma sociedade mais solidária.

                Como se nota, a discussão não produziu consenso, dado que o tema é apaixonante e a realidade do século XX parecia indicar que era possível criar uma sociedade comunista sem que ela inibisse o desenvolvimento econômico.

                Ocorre que boa parte destas discussões foram travadas no campo da filosofia, da sociologia e das ciências humanas em geral. Habermas, grande filósofo humanista do século XX, ainda vivo, chegou a dizer que, se pudesse voltar no tempo, teria estudo economia, já que a ciência econômica é complexa, ainda que tenha, por vezes, características não-científicas, e já que ela é central na discussão do desenvolvimento humano.

                Com a derrocada do comunismo, houve brutal redução da influência das ideias econômicas de Marx. A economia integralmente centralizada e planejada, tal como defendida pelos socialistas do século XX, deixou de ter defensores (exceto por alguns guetos de pensamento).

                No entanto, há três questões que ainda são atuais que decorreram daquelas velhas discussões: o intervencionismo (ou a regulação) na economia, o tamanho do estado e o controle de alguns meios de produção (que degenerou na discussão privatização e estatização). É sobre estes temas a que me dedicarei no próximo post.

Gustavo Theodoro         

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