A coluna anterior provocou alguma indignação entre os apoiadores do Deputado Marcelo Freixo. Acusaram-me de ter cometido falácia da associação, de ter associado Freixo ao movimento Black Bloc sem ter feito prova da acusação, sendo circunstanciais os elementos apresentados.
Pois eu gostei dessa descrição. Assim sendo, vou adotar esta técnica associativa para prosseguir no assunto. Jeferson Moura e Renato Cinco são vereadores do mesmo partido de Freixo, o PSOL. Freixo é a maior liderança do PSOL do Rio de Janeiro.
Jeferson Moura e Renato Cinco contribuíram financeiramente para aquela festinha beneficente patrocinada por uma das líderes dos Black Blocs, a Sininho. A mesma Sininho que, no mês de novembro de 2013, participou de uma festa de humor, que entregou o prêmio “molotov de ouro” ao vândalo com maior capacidade de destruição.
Nos atos do Ocupa Câmara, nos quais os Black Blocs eram os responsáveis pela Segurança, poucos políticos tinham direito a voz. Presença constante nesses eventos eram os vereadores já citados, além do Vereador Paulo Pinheiro e do Deputado Chico Alencar. Lógico que tudo isso não passa de associação, mas todos os políticos listados acima pertencem ao PSOL.
A ligação entre os Vereadores e o Freixo é tamanha que a mulher de Freixo é assessora do Vereador Renato Cinco. Renato Cinco, o mesmo que doou dinheiro para a festa dos Black Blocs.
O PSOL poderia estampar o texto que fosse em sua página da internet. Preferiu colocar um artigo, assinado por uma liderança do PSOL, que defendia a aliança com os Black Blocs. Não encontrei na página do PSOL nenhuma condenação à tática dos Black Blocs ou mesmo uma veemente crítica à utilização de métodos violentos de manifestação.
A greve dos Professores do Rio de Janeiro teve a proteção dos Black Blocs, e a participação desses mascarados se deu com a anuência do Sindicato dos Professores, controlado pelo PSOL. Quando o primeiro acusado pela morte do jornalista Santiago Andrade foi preso, a líder dos Black Bloc, Sininho, nem pestanejou: solicitou apoio do Deputado Freixo.
Em nenhum momento, na coluna Homem de Bem, acusei Freixo de assassinato. Já escrevi coluna condenando o uso da violência na política; este continua sendo meu ponto. Ao se aproximar dos Black Blocs, tanto por contribuições como por textos de apoio, a associação do PSOL à violência está sendo questionada no plano político.
Como seria bom para o Freixo e para o PSOL se, em algum momento do segundo semestre do ano passado, tivessem se pronunciado com veemência contra os Black Blocs e a violência nas manifestações… Mas não, nenhuma fala, nenhum texto publicado em seu blog.
Ontem Freixo escreveu longa coluna no jornal O Globo. Não negou sua proximidade com os Black Blocs. Não condenou o uso da violência nas manifestações. Em quase toda a coluna desqualifica seus acusadores, aponta erros cometidos pelo jornal O Globo – que, acredito, realmente foram cometidos – mas não diz o mais importante, que seria a condenação à violência nas manifestações.
Para piorar, em seu twitter, o Deputado destaca uma fala sua no desagravo organizado pelo PSOL: “o maior ato de solidariedade a mim é vocês continuarem nas ruas”. Palavras contra a violência? Em seu Facebook o máximo que se encontra é algo como é lógico que estamos preocupados com a escalada da violência, mas nada contra as depredações já ocorridas nem contra a tática dos Black Blocs.
Freixo ou o PSOL não são obrigados a se manifestar sobre qualquer assunto. Mas dada a relação de proximidade do PSOL com os Black Blocs, esperava-se, pelo menos após a morte do jornalista Santiago Andrade, uma maior reflexão sua sobre as manifestações violentas e a depredação de patrimônio público e privado. Pelo jeito, teremos que esperar um pouco mais por isso.
Gustavo Theodoro