Em Busca da Felicidade III

No artigo anterior, escrevi sobre pesquisas indicando que a felicidade nem sempre está onde parece. Os antigos trataram das mesmas questões que hoje estão sendo estudadas pela psicologia comportamental.

Tanto os epicuristas com os estoicos abordaram questões que hoje inundam o mundo dos best-sellers, mas com muito menos sofreguidão do que se vê nos dias atuais.

Questões envolvendo prudência, perseverança, prazer, ausência de dor, sempre estiveram presentes neste tipo de discussão, mesmo entre os antigos. Sêneca, por exemplo, poderia muito bem ser classificado como literatura de auto-ajuda.

Ainda não pretendo abordar este assunto de forma definitiva. Utilizei-me dele durante o Carnaval, visto que, para muitos, política é tema sério demais para esses feriados. Mas vamos seguir um pouco mais visitando a tradição do pensamento, sem visar diretamente à felicidade (tal como ensinam os modernos).

Os gregos demonstravam deter um importante valor, que é a busca constante pelo aprimoramento. Na verdade, é um pouco mais do que isso. Em Homero, a importância de ser o melhor sempre e em toda a parte era bastante evidente. Não tem o significado atual de competição com outros, tratando antes de um olhar de volta para si mesmo. Há, inclusive, um termo, aristeuein, que significa literalmente ser o melhor, que não podia ser entendido apenas como um esforço, como dizia Hannah Arendt, mas sim como uma atividade de preenchia a vida.

Estobeu, da Macedônia, estudante que foi dos ensinamentos dos antigos gregos, acabou por dizer algo baseado neste princípio grego, mas o vinculando mais explicitamente à felicidade, introduzindo, porém, a questão da vocação: a felicidade consiste em exercer as próprias virtudes em trabalhos que atingem os resultados desejados.

Para os romanos, felicidade estava na política, na capacidade criar algo novo onde antes não existia nada, de praticar uma ação com outros homens que implicasse debate, acordo e compromisso. Felicidade, para os romanos, significava poder atuar na esfera pública e agir. Vejam que a definição de Estobeu pode ser muito bem adaptada aos ideias romanos.

No próximo post, trato do tema felicidade pública, seu significado e suas consequências em movimentos contemporâneos.

Gustavo Theodoro

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