Somos apegados ao livre-arbítrio. Colocamos a razão em um pedestal e nos julgamos plenamente capacitados para tomar decisões originais e para proferir juízos especialíssimos. Nate Silver, especialista em previsões, colocou essas certezas em perspectiva.
Nas ciências exatas, as incertezas ganharam status com a estatística aplicada a física e, posteriormente, com a mecânica quântica. As incertezas deixaram de ocupar o campo das ciências humanas e passaram a perambular também no campo das exatas. Satisfizemo-nos com a incorporação da incerteza as ciências exatas, mas continuamos em busca de certezas nas ciências humanas.
A inspiração era, naturalmente, o movimento browniano e a teoria do caos. Em fluidos ou gases, dificilmente podemos prever o comportamento do todo a partir da descrição de cada partícula, que descreve movimentos erráticos. No entanto, se nos afastarmos da amostra, se deixarmos as partículas de lado e passarmos a analisar o fluido ou o comportamento de expansão de um gás, é possível prever o tempo de expansão ou a área atingida pelo fluido. Na teoria do caos, podemos não poder prever quando uma torneira irá pingar novamente, mas é possível fazer algumas assertivas sobre o futuro.
O sonho das ciências humanas é conseguir aplicar conceitos como esses às ciências humanas. Pois Nate Silver perturbou nossas certezas com seu livro The Signal and the Noise: Why So Many Predictions Fail –but Some Don’t. Ele criou um método que conseguiu prever o resultado em 49 dos 50 Estados americanos em 2008, além de acertar o vencedor de todas as corridas para o Senado naquele ano. Não importava muito o carisma do candidato ou os argumentos que ele utilizava. Eram dados geralmente econômicos que davam a medida do sucesso da situação e da oposição.
No Brasil, esperava-se uma eleição difícil ainda antes de os candidatos serem indicados. É provável que só fenômenos muito agudos, como a morte de um candidato ou de uma gravação de um candidato recebendo dinheiro, possam modificar aquilo que é dado por determinados indicadores, em especial aqueles ligados à economia. Era o que pensavam os especialistas em previsão. Quando Marina disparou nas pesquisas, Nate Silver escreveu na The Economist que Dilma Roussef tinha 25% de chances de ser reeleita.
E assim ele nos devolveu nosso livre arbítrio. Façamos política, tratemos de nos envolver nos assuntos de nosso prédio e de nosso bairro, pois é provável que cada ação nossa decorrente de nosso julgamento da realidade ainda faça diferença. Apesar dos que defendem que não.
Gustavo Theodoro
A Marina foi pisoteada pelo mega-poder-marketeiro dos gigantes políticos do Brasil: PT e PDDB….não que ela e seu partido não tenham sua parcela de culpa
*PSDB