Às vezes adquiro uma certeza absoluta de que Platão e Nietzsche estavam certos, que a vida é cíclica, que os fatos se repetem, é o eterno retorno. É neste momento em que passamos a nos sentir velhos (ou idosos, ou terceira-idade, ou melhor idade, não sei qual o termo permitido no momento).
Vejam este exemplo. Na ditadura militar, aos opositores do regime a mensagem era clara. Aqueles que não amassem o Brasil – ou a mensagem implícita, o Governo – deveriam deixá-lo (neste caso só o País). Alguns Governos depois, já com a imprensa livre, o FHC acusava as cassandras de torcer contra o País, acusando os críticos, a oposição e a imprensa de fracassomaníacos.
Este Governo repete o procedimento. Os críticos agora recebem nova nomenclatura: os Velhos do Restelo, que seriam os nervosinhos que fazem a guerra psicológica. Os inimigos agora são mais etéreos, a mídia, as elites, a classe média e quem mais aparecer pela frente.
Interessante como nossa cultura autoritária lida mal com as críticas. E como valoriza pouco a liberdade de expressão. Israel é uma ilha de democracia cercada de ditaduras. A imprensa israelense passa o dia criticando o Governo de seu país. Ironicamente, a imprensa dos países vizinhos faz o mesmo e passa o dia criticando, também, o Governo de Israel. Pergunto: qual dessas imprensas queremos ter?