A situação é pior do que parece. O déficit público está na ordem de 10% do PIB. Mesmo com a recuperação da economia, é improvável que voltemos a ter déficit nominal de menos de 5% do PIB, o que é um descalabro.
Temos um Governo com baixa legitimidade, que parece estar fadado a fazer cortes bruscos nos gastos públicos. A Lava Jato chegou agora à fase dos políticos e as lideranças do PMDB já foram citadas por diversos delatores. O congresso segue praticando seu fisiologismo, indicando Ministros para o Governo Temer que acabaram de deixar o Governo Dilma.
Logo, apesar da onda de otimismo que atingiu os meios de comunicação, é provável que a falta de carisma do Presidente, a forma não usual com que chegou ao poder, o prosseguimento da Lava Jato e a oposição de uma relativamente pequena mas barulhenta esquerda pode levar o País a um novo impasse.
O tamanho do desafio é muito grande. Pode ser que só um governo eleito possa pacificar o País. É cedo para proclamar o fim do governo, assim como é cedo para declarar os problemas resolvidos, como tenho visto muitos fazerem, principalmente nos meios de comunicação.
O ajuste nas contas públicas não parece mais trivial. Há esqueletos de todos os tamanhos aparecendo. E o fim do bônus populacional parece estar cobrando a sua conta, tanto no sistema de saúde como no previdenciário. São discussões impopulares evitadas por quase todos os governos. Na França, com o sistema político estável, há confrontos na rua e greve geral em face da reforma trabalhista. Aqui nosso sistema político está em frangalhos. E as contas públicas nos empurram para algum corte. Definitivamente, o jogo ainda não acabou. E o país está muito longe de se sair vencedor.
Gustavo Theodoro